Micose de Bolsa Gutural

Por ABLA Import / Quinta-feira, 14 de Dezembro 2021 /
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As bolsas guturais são divertículos da tuba auditiva, delimitadas dorsalmente pelo atlas e cranioventralmente pela faringe, com a qual se comunica através do orifício guturo-faríngeo, que possui 2,5 cm de diâmetro. As paredes das bolsas guturais são sobrepostas e formam o septo medial (MILNE & FESSLER, 1972; FREEMAN, 1992; HABEL, 1988; GETTY, 1986; DYCE et al., 1997)

As bolsas guturais conectam o ouvido médio à faringe. A abertura na faringe é chamada de óstio nasofaríngeo, que é composto pela parede faríngea lateralmente e uma prega fibrocartilaginosa medialmente. Esta abertura leva a uma passagem curta de tecido mole para a respectiva bolsa gutural. As aberturas estão localizadas rostralmente para permitir a drenagem de muco quando a cabeça é abaixada e evitar o acúmulo de fluido. ( Davis, J. Weston, 2015). Cada bolsa é moldada em torno do osso estilo-hióideo que divide os compartimentos medial e lateral. O compartimento medial é muito maior e se projeta mais caudal e ventralmente. 

As paredes das bolsas guturais são finas e estão intimamente relacionadas com múltiplas estruturas vitais, nomeadamente a faringe, laringe, esôfago, glândulas salivares parótidas e mandibulares e linfonodos retrofaríngeos, para além de uma complexidade de estruturas neuro-vasculares (Greet & Edwards, 2007).

Cada bolsa comunica com a faringe através de uma abertura na parede faríngea, rostroventral ao recesso faríngeo, o qual separa as aberturas de ambas as bolsas. Estes orifícios situam-se dorsalmente relativamente à base da bolsa, pelo que quando a cabeça do cavalo se encontra em posição vertical, apenas é possível observar-se a saída de algum fluido acumulado no interior das bolsas. Quando o cavalo deglute é que se dá realmente a abertura das bolsas guturais, permitindo uma drenagem efetiva das mesmas. Contudo, essa abertura também se dá durante a respiração, o que expõe as bolsas aos agentes infecciosos presentes no ar (Greet & Edwards, 2007).

A micose das bolsas guturais é uma infecção fúngica oportunista que invade a mucosa e, geralmente, o que se consegue observar antes de entrar nas bolsas guturais por endoscopia é a presença de sangue no orifício da bolsa afetada, podendo haver ou não distensão do compartimento. Nos casos em que a entrada de ambas as bolsas apresenta sangue, pode significar que existe afecção bilateral ou, por outro lado, que houve aspiração de sangue durante um episódio hemorrágico severo (Greet & Edwards, 2007). Uma vez no interior das bolsas, a confirmação do diagnóstico geralmente é conseguida pela observação de placas micóticas (Ainsworth & Cheetham, 2010).

O Aspergillus spp é o fungo mais envolvido nesta afecção, podendo afetar estruturas importantes como artérias, nervos e veias que estão em intimo contato com a parede da bolsa gutural, levando a epixtase como consequência da erosão da artéria carótida interna ou externa ou disfunção de nervos cranianos. (RADOSTITS et al., 2014; LEPAGE, 2007).

Os sinais clínicos de micose de bolsa gutural são relacionados a danos a estruturas neuro vasculares em seu interior e inclui epistaxe, lesões neurológicas e disfagia com danos em nervos cranianos (ARCHER, KNIGHT & BISHOP, 2012; BORGES & WATANABE, 2011).

A endoscopia é a principal ferramenta auxiliar de diagnóstico de afeções destas estruturas, ainda que a radiografia também possa ser útil (Greet & Edwards, 2007). . O exame endoscópico revelará placas de material necrótico, de coloração amarelo-escura à negra geralmente limitada ao teto da bolsa gutural (RADOSTITS et al., 2014; LEPAGE, 2007).

A melhor forma, segundo os autores, para fazer a terapia local com antifúngicos é através de insuflação com esses fármacos em forma de pó, através de um catéter de Neilson’s e utilizando uma seringa de Higginson’s de enema, o que resulta no preenchimento de todo o revestimento da bolsa com o fármaco (Greet & Edwards, 2007). Lane (2013), por outro lado, afirma que a medicação com antimicóticos tópicos parece não ser necessária, sendo que os casos de micose das bolsas guturais que não manifestem complicações neurológicas tendem a ter um bom prognóstico, após encerramento cirúrgico das lesões arteriais.

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