O programa de transferência de embriões é hoje uma das biotecnias mais utilizadas na reprodução de equinos, por oferecer diversas vantagens como: aumento na produtividade de éguas/ano, obtenção de produtos de éguas que são incapazes de conduzir a gestação ou de éguas atletas que estão em atividade durante o ano. O exame ultrassonográfico é de extrema importância para se obter êxito nesse programa, pois permite que avalie os momentos de pré e pós cobertura das doadoras e também a das receptoras no momento de inovulação.

Com o advento da ultrassonografia doppler, foi possível reavaliar conceitos que antes considerados definitivos quanto à fisiologia da reprodução. Essa técnica demonstrou ser efetiva e prática para a avaliação não invasiva e em tempo real da perfusão vascular do trato reprodutivo dos equinos (GINTHER,2007). O exame permite, por exemplo, a análise do potencial ovulatório de folículos e o estado funcional de corpos lúteos e do útero, assim possibilitando a determinação do momento ideal para os tratamentos de indução de ovulação, coberturas das doadoras e até mesmo a escolha da receptora para a transferência. Esse método baseia-se na movimentação das hemácias em relação ao transdutor, de forma que as alterações de velocidade e sentido do fluxo sanguíneo são representadas por imagens com especificas cores e tonalidades, são utilizados três modos de ação: o modo-B, que é usado para a identificação anatômica das estruturas, o modo-Doppler, que estima a perfusão sanguínea tecidual e modo-Espectral, que mostra a velocidade do fluxo sanguíneo e índices doppler vasculares e teciduais.

Dentre diversas possíveis aplicações da Dopplervelocimetria no manejo reprodutivo em equinos, pode-se destacar algumas de grande importância:

• Detecção do início da atividade reprodutiva
  É possível determinar o potencial ovulatório de folículos dominantes durante o período de transição observando a vascularidade da parede folicular. Folículos dominantes ovulatórios apresentam um aumento progressivo da vascularidade a partir da divergência folicular, enquanto os folículos anovulatórios apresentam baixa vascularidade independente do seu diâmetro.
• Tratamento superovulatório
  O exame pode ser útil para determinar o momento ideal para o início do tratamento, visto que no período de divergência até o dia da ovulação a vascularização do folículo ovulatório vai estar aumentada.
• Predição de ovulação e eficácia dos tratamentos indutores
  De acordo com PIERSON e GINTHER (1985) e GASTALet al. (1997) é possível predizer o momento da ovulação através da US modo-B, levando-se em consideração as alterações morfoecogênicas do folículo dominante. E essa aplicação tem uma grande vantagem quando utiliza-se sêmen congelado, para que o deposito do sêmen possa ser feito o mais próximo do momento da liberação do oócito.
• Avaliação do status funcional do corpo lúteo
  Existe uma relação entre a perfusão sanguínea, o desenvolvimento funcional e estrutural do corpo lúteo e a concentração sérica de progesterona, que permite a observação do aumento progressivo da perfusão sanguínea do corpo lúteo até D6. Entre D8 e D14 a perfusão sanguínea, assim como a concentração sérica de progesterona apresentam valores máximos, e posteriormente, durante a luteólise essas concentrações diminuem. Considerando essa vinculação da vascularização corpo lúteo com a progesterona, a ultrassonografia pode ser empregada no momento de inovulação do embrião, para avaliar a funcionalidade do corpo lúteo e dessa forma, selecionar a receptora com o perfil mais adequado para a transferência.
• Diagnostico de gestação e viabilidade embrionária
  Com o uso do ultrassom doppler pode-se fazer o diagnóstico precoce de gestação, visto que há um aumento da perfusão vascular a partir do dia 11 após a inseminação, no endométrio de ambos cornos uterinos nas éguas prenhes.

Pode se concluir que o uso da ultrassonografia doppler na transferência de embriões possui uma grande eficiência e tem um amplo potencial.